A alma forasteira de Sandra Rigo pontilha, neste site, estações distintas com as suas mãos pictóricas. Vigorosa e explosiva, suas pinturas em grandes formatos fazem dançar o nosso olhar, entre contrastes e distintos matizes à procura dos detalhes apresentados nos formatos menores. Do micro ao macro, explosões poéticas! Cada obra reflete o seu caminhar, desde os Pampas Gaúchos, em Santo Ângelo, onde nasceu, passando por Salvador, lugar de luz pulsante, onde morou por quinze anos, ou em Brasília, local em que, desde os anos 1990 até 2019, descortinou o cerrado, contaminando as suas mãos com o barro vermelho e sendo contaminada por músicas brasileiras como companheiras, na solitude do seu atelier.
Assim, a mão caminhante de Rigo não resistiu, e a artista pintou em todos os seus deslocamentos, compondo onde quer que ela estivesse, ou simplesmente vivenciando outros territórios distintos, como Stuttgart, na Alemanha, onde residiu também por três meses tendo como mestra a artista Mares Schultz. De maio de 2019 a 2023, vive em Daejeon, onde a mão pintora não descansou. Experienciando a mudança marcante das estações na Coreia do Sul, os distintos matizes cromáticos, mais uma vez tingiu as suas mãos, e as cores dançaram nas margens do rio Han na escuta de músicas coreanas.
Como não se lembrar da caligrafia pictórica de Shin Saimdang (1504-1551), pintora coreana que viveu no período do Reino Joseon (1392-1910)? Como não perceber aproximações nos detalhes da pintura de Rigo, sombras de bambus que gotejam nas telas ou cromas de orquídeas, ameixas, crisântemos ou cerejeiras?
Aqui, neste site, podemos escutar e dançar na paleta cromática de Sandra Rigo, com a certeza que novos jardins estão por vir, pois a artista continua caminhante.
Entre; a obra está em germinação…
Viga Gordilho
Artista Visual e Professora Titular da Escola de Belas Artes UFBA
Primavera, 2023